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Foto do escritorYasmim Garcia

4. Na teoria: “medidas socioeducativas”

Atualizado: 8 de jul. de 2019

E aí gentee, depois que escrevi aqui no blog sobre os determinantes de saúde comecei a refletir no destino de jovens que cresceram em ambientes violentos, insalubres, com restrições alimentares e com a ausência dos pais. Vi que muitos desses jovens poderiam ter o CRIAAD como destino. E em meio a tudo que observei lá, também pude enxergar a triste realidade de um sistema que diz atuar com “medidas socioeducativas” mas que age como um regime prisional completamente punitivo. Um sistema que diz que valoriza a inserção social, o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, mas que acaba colocando a educação em segundo plano. Isso se tornou claro quando chegamos ao CRIAAD.


Não me refiro aos profissionais, em específico, mas ao sistema que move cada um deles naquele ambiente, à cultura que foi gerada com o passar dos anos e o aspecto prisional e coercitivo que aquele ambiente nos traz, e que por muitas vezes é ineficaz. Isso porque, todos nós sabemos que muitos jovens quando saem de lá voltam para o mesmo território, com as mesmas condições de vida, com as mesmas amizades e influências, com a mesma forma de pensar e, consequentemente, com as mesmas atitudes.


Então, qual é o sentido em punir jovens que cometeram delitos, colocando-os num ambiente em que o intuito é puramente a “tutela e controle dos tempos e corpos”?

Não faz sentido algum, já que esse modelo sem medidas socioeducativas não é capaz de gerar mudança alguma nesses jovens. É necessário reavaliar esse modelo, observar se a prática condiz com a teoria, e se realmente estamos buscando ajudar esses jovens ou se estamos simplesmente punindo eles por seus crimes.


As atividades educativas, independente da metodologia ativa aplicada, precisam ser encaradas pelo sistema com seriedade e não como brincadeiras e entretenimento. O fato de usarmos uma brincadeira como meio de aproximação de realidades, de buscar palavras chaves e demandas, não diminuem o valor dessa atividade. Não é porque é diferente do modelo “engessado” de ensino que seu resultado é pior, pelo contrário, um modelo ditatorial na maioria das vezes não consegue atingir o seu objetivo. A distância entre o educador e o educando, a hierarquização dos saberes, a rigidez no ensino, tudo isso é contrário à uma educação popular, dialógica, na qual compartilha-se saberes e constrói-se junto estratégias e pensamentos. Nesse segundo modelo valoriza-se o educando, estimula-o a pensar junto e não apenas receber conhecimentos.


Em um ambiente como o CRIAAD, onde os jovens possuem pouca autonomia e estão à margem da sociedade, apresentar esse modelo de educação horizontalizada tem um valor imenso e um resultado fantástico! Construir com eles é capaz de fazer com que eles voltem a acreditar no seu próprio potencial, se sintam importantes e não mais esquecidos pela sociedade.

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